sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Jardim Clarice: Suas Ruas, Homenagem a Literatura Brasileira

Atualmente, junto ao Morro da Panela existe o Jardim Clarice. O empreendimento imobiliário foi feito pelo antigo dono das Lojas Brasileiras, Adolfo Basbaun, que homenageou a esposa Clarice dando seu nome ao jardim. A Praça Mário Tibiriça, que fica na entrada do loteamento, é em memória de Mário Tibiriça (1880-1974), um dos primeiros moradores da Estrada Curipós. As ruas do Jardim Clarice têm nomes de romances e livros de poesia da literatura brasileira. A sugestão foi feita no ano de 1976 pelo poeta Carlos Drumond de Andrade (1902-1987) ao Prefeito Marcos Tamoio (1926-1981). Eis os nomes dos logradouros, com o ano de publicação dos livros e os respectivos autores:

Rua Dona Flor - Ano: 1966 - Autor: Jorge Amado (1912-2001)

Rua Encontro Marcado - Ano: 1956 - Autor:Fernando Sabino (1925-2004)

Rua Dom Casmurro - Ano: 1900 - Autor: Machado de Assis (1839-1908)

Rua Escrava Isaura - Ano: 1875 - Autor: Bernardo Guimarães (1825-1884)

Rua Enamorado da Vila - Ano: 1939 - Autor: Olegário Mariano (1889-1958)

Rua Estrela da Manhã - Ano: 1936 - Autor: Manuel Bandeira (1886-1968)

Rua Borboleta Amarela - Ano: 1953 - Autor: Rubem Braga (1913-1990)

Rua O Tempo e o Vento - Ano: 1948 - Autor: Érico Veríssimo (1905-1975)

Rua Estrela Solitária - Ano: 1940 - Autor: Augusto Frederico Schimidt (1906-1965)

A personagem fictícia Capitu do romance Dom Casmurro é nome de logradouro em Jacarepaguá. A Rua Capitu faz esquina com a Rua Ituverava, no Anil.

A denominação foi feita para recuperar erro de administrador não esclarecido com a literatura brasileira, que, em 1955, mudou uma do mesmo nome existente na Pavuna para Rua Afonso Terra. As ruas Capitu e Brás Cubas (homenagem também a romance de Machado de Assis - Memórias Póstumas de Brás Cubas, publicado em 1881) foram oficializadas em logradouros da Vila Pedro Segundo, na Pavuna, em 1945. A Brás Cubas continua até hoje com o mesmo nome e no mesmo lugar, à margem da Avenida Automóvel Clube. A Capitu ficou fora do mapa do Rio até o início da década de 1970, quando voltou a ser rua, mas em Jacarepaguá.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Jacarepaguá - De jacas e quintais

Ja-ca-re-pa-guá. O som desse nome associa-se, em minha mente saudosa, ao matraquear das rodas do bonde que me conduzia, menino, a casa distante de parentes. Enquanto um vento gostoso me agitava os cabelos, eu via passar as hortas plantadas debaixo das imensas torres da antiga Light. Portugueses - iguais aos dos meus parentescos avoengos - estavam por ali: casais que cuidavam das verduras e homens gordinhos vestidos de azul, o motorneiro e o cobrador, este ágil, saltitante nos estribos.
Um cheirinho de mato, trazido pelo ar límpido da manhã, me entrava pelas narinas e eu via desfilar as casas simples em ruas tranqüilas. Iam passando locais de nomes belos e sonoros, como os dos Largos: Freguesia, Tanque, Taquara... Um lugar chamado Anil me lembrava o céu azul visto numa gravura em meu livro de curso primário.Saibam que Jacarepaguá fez muito pela arte: seu clima ideal operou milagres, salvando da tuberculose inúmeros escritores, poetas e pintores desenganados pela medicina. Mas, também, em seus sanatórios muitos artistas viram finar sua vida com a criatividade confundida com loucura.
A natureza e a liberdade - muito verde e a amplidão - sempre se mostraram em Jacarepaguá. Chácaras antigas, imensas, foram cedendo suas terras, aos poucos retalhadas em nome da urbanização. Era lá, talvez, que ficava o maior paraíso de quintais. Neles, a delícia celestial das frutas.
Lembro-me muito das jaqueiras, árvores imensas, de troncos fortes e galhos compridos que ofertavam a generosidade da sombra. Do chão coalhado de folhas, caídas no capim úmido até receber a visita do sol, era olhar para cima, usar a intuição quase infalível das crianças e escolher a jaca ambicionada. Depois, com a invejável destreza da meninice, encarapitar-se lá em cima e futucar a fruta mais madura até que caísse, se abrisse e oferecesse à nossa gulodice a doçura daquelas delícias amarelinhas.
O Jacarepaguá de hoje é um bairro que está ali pertinho, juntando-se ao Grajaú por aqui e à Barra por lá. As casas sobrevivem dentro de condomínios bonitos, onde a classe média habita olhando os morros para onde subiram os pobres, tangidos pela necessidade.A cidade moderna chegou a Jacarepaguá, mas não matou desse bairro lindo e amigo o espírito que saboreia as frutas e passeia nos quintais.
Lindo poema de um autor desconhecido, pelo menos por mim... Ainda vou saber quem o fez.
Erick Evaristo

O COMEÇO...

Jacarepaguá é um bairro de classe média da Zona Oeste do Rio de Janeiro, localizado na Baixada de Jacarepaguá, entre o Maciço da Tijuca, a Barra da Tijuca e a serra da Pedra Branca, onde está localizado o Parque Estadual da Pedra Branca.
Possui uma área territorial de 7.579,64 ha, sendo o 4° maior bairro em área do município. Em 2004, sua população estimada era 100.000 habitantes.
No entanto, é um bairro em processo de desmembramento, pois importantes áreas do que sempre se entendeu historicamente como a parte principal de Jacarepaguá, com o tempo foram se desmembrando e tornando-se bairros próprios, como é o caso dos bairros Anil, Curicica, Cidade de Deus, Freguesia, Gardênia Azul, Pechincha, Praça Seca, Tanque e Taquara, que junto com Vila Valqueire e o próprio Jacarepaguá, fazem parte da XVI Região Administrativa (R.A.) - Jacarepaguá - do município do Rio de Janeiro.
O que restou do antigo bairro de Jacarepaguá hoje são inúmeras localidades com nomenclaturas próprias, em geral loteamentos ainda recentes e que não foram ainda oficializados como bairros pela prefeitura, além da área onde está o Autódromo e o Riocentro.
Logo contarei mais sobre a História de Jacarepaguá, é apenas o começo...
Erick Evaristo